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Projeto social Por Telas é destaque na mídia

01/08/2018

Portal de notícias G1 fez matéria sobre a oficina de audiovisual voltada para moradores do entorno do Portelão. Documentários feitos pelos alunos serão lançados até o fim do mês
 
 
A maior campeã do carnaval carioca é agora responsável por uma iniciativa inédita: o projeto Por Telas, que é o primeiro curso de audiovisual dentro de uma escola de samba. Em comemoração aos 95 anos de tradição da Portela, os frequentadores da comunidade estão tendo a oportunidade de produzir seus próprios documentários e dar voz a histórias que sempre quiseram contar. Os 22 alunos do projeto Por Telas foram selecionados a partir de uma inscrição na qual eles também sugeriam ideias para um documentário. Só poderiam participar moradores dos bairros vizinhos ou quem já tivesse relação com a Portela, através de uma declaração da própria escola, que fica em Madureira, na Zona Norte do Rio.
 
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O cineasta André da Costa Pinto e a produtora cultural Cecília Rabello foram os idealizadores do curso, que começou em abril deste ano. A dedicação, o comprometimento e o talento dos alunos surpreenderam os profissionais. "Todos trabalham, todo mundo acorda cedo. Estar na quadra da Portela, dia de semana, saindo tarde da noite para poder aprender a fazer cinema foi muito transformador pra mim. Basta uma oportunidade. Basta você dar chance porque quem de fato está esperando por isso, abraça e faz bonito, como esses alunos todos fizeram", destacou Cecília.
 
Para Vinícius Bondin, que trabalha há 10 anos como porteiro na quadra da escola, essa foi a oportunidade de realizar um sonho e se desafiar a aprender algo diferente. Após um processo de escolha entre as 22 histórias, os alunos decidiram filmar três documentários: "Pés e Pescoço Ocupados", de Ruan Lucena; "Um Craque Esquecido", de Ygor Lioli; e "Procuram-se Mulheres", de Rozzi Brasil.
 
"A gente veio aqui só trocar conhecimento. Quando você dá o direito dela apontar a câmera para onde ela quer, contar a história que ela está afim de contar, ela se apaixona muito mais por essa história e faz os outros se apaixonarem também. O resultado, é a qualidade do filme que está na tela”, explicou o coordenador André da Costa Pinto.
 
A partir da escolha das histórias que seriam filmadas, os alunos tiveram aulas sobre o que é um argumento, roteiro, edição, fotografia, som, pesquisa e até direito de imagem.
 
"Poucas vezes, eu vi um aprendizado tão rápido. O mais legal desse curso, chegando na metade, é que hoje em dia a galera está acabando o curso e perguntando se já pode se inscrever na próxima turma. Essa galera já quer repetir e fazer mais", disse André.
 
A verba para dar o pontapé inicial do projeto veio através do show "A noite veste azul", com Marisa Monte e Paulinho da Viola. Parte do valor arrecadado foi revertido para o curso. Três meses após o inícios das aulas, os documentários estão sendo finalizados e serão exibidos no dia 23 de agosto, na quadra da Portela.
 
“Ninguém faz um filme pra guardar na gaveta, faz filme pra circular. A proposta inicial é que no dia 23 de agosto a gente faça uma sessão de lançamento aqui na quadra para a comunidade e, porteriormente, que esse filme passe a circular em festivais, TVs. Onde o filme puder ir, que ele chegue até as pessoas”, completou o coordenador.
 
Uma das histórias escolhidas pelos alunos do curso foi a da produtora cultural Rozzi Brasil, de 54 anos. Ela não fazia ideia do que encontrar nas aulas, mas sabia que queria estudar cinema e não perdeu a oportunidade.
 
"Eu tinha na minha cabeça uma ideia. Pesquisei muito como se escreve um argumento. Pesquisei, mas achei muito complicado aprender tudo correndo a tempo de ir fazer a inscrição [do projeto Por Telas]. Antes do argumento, eu escrevi que não tinha a menor ideia de como se escrevia um argumento, mas que eu estava muito afim de aprender, que eu sabia que podia e conseguiria”, lembrou Rozzi.
 
O gosto pela teledramaturgia e a vontade de aprender motivaram Rozzi a fazer, de um questionamento que passava pela sua cabeça, um documentário. "Escolhi fazer um filme sobre a presença feminina no samba. Tenho na minha cabeça que a mulher segura a estrutura do samba. Ela é como uma pilastra, os ossos, mantem uma estrutura de pé, mas ela não é vista. Só aparecem como cozinheiras ou passistas, rainha de bateria”, disse ela.
 
Encontrar histórias para agregar valor ao filme foi fácil para Rozzi. No universo do samba, o que não faltou foram personagens para essa história. “Entrei no Facebook e fiz uma postagem falando que eu estava procurando mulheres que tivessem alguma atividade dentro do samba, mas que não fossem frequentadoras de palco, que estivessem invisíveis", explicou.
 
“O que eu gostaria é que despertasse uma discussão sobre o assunto no maior numero de pessoas possíveis. Quero que as pessoas olhem e se façam perguntas. A gente não tem resposta. Tem gente que vai dizer que isso não é só no samba. Sim. E no seu ambiente? Como é que é? E o que você faz para reverter isso? Minha expectatiativa é que as pessoas sintam um beliscão que as façam pensar”, completou Rozzi.
 
 
Texto de Fernanda Rouvenat, do G1 Rio. A matéria foi publicada originalmente nesta quarta-feira (1º), no portal. O telejornal 'Bom Dia Rio', da TV Globo, também exibiu a mesma reportagem


Foto: Paulo Varella / Divulgação
Legenda: Alunos do projeto Por Telas reunidos em sala de aula
 
 



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