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A Portela e o samba perdem Waldir 59

26/11/2015

Foi velado na Portelinha, em Oswaldo Cruz, o corpo de Waldir 59, compositor e integrante da Velha Guarda Show da Portela. Seu Waldir, como era chamado carinhosamente pela Família Portelense, tinha 88 anos e morreu na madrugada desta quarta-feira, 25, de insuficiência respiratória, na Unidade de Pronto Atendimento do bairro do Engenho de Dentro, Zona Norte do Rio. Ele havia sido atendido no local durante o dia de ontem, com problemas respiratórios, e foi liberado. Horas depois, teve uma piora, foi levado pela família de volta à UPA, e não resistiu.


Waldir 59 estava na Portela desde os anos de 1940 e ingressou na ala de compositores da azul e branco na década de1950. Foi autor de vários sambas-enredo da escola, grande parte deles em parceria com Candeia, incluindo o do Carnaval de 1957, "Legados de D. João VI" (Candeia, Picolino da Portela e Waldir 59), que deu o tricampeonato à agremiação de Oswaldo Cruz e Madureira. Também foi diretor de harmonia da Portela, tendo sido considerado um dos melhores da história do Carnaval. Há anos com a visão prejudicada por conta de cataratas nos dois olhos, o poeta nunca deixou de frequentar a quadra da escola. Participou este ano, como integrante de uma das parcerias, do concurso que escolheu o samba para 2016.

Líder da Velha Guarda Show e presidente de honra da Portela, Monarco cita algumas qualidades do amigo:

- Waldir era um bom letrista e excelente pesquisador. Estudava muito antes de fazer uma letra. Fez uns 10 sambas-enredo pra Portela, mas o de 57, na minha opinião, é o mais belo de todos. Waldir seguiu muito bem os ensinamentos de Paulo da Portela, que dizia que o sambista tinha que estar sempre bem arrumado. Ele sempre foi um portelense educado e elegante. Estava sempre muito bem vestido. Nunca apareceu na Portela vestindo short. Nunca vi o Waldir levantando a voz para ninguém - comenta Monarco.

O bamba acrescenta que Waldir chegou a se afastar por breve tempo da escola onde fez história.

- Nos anos 80, ele se aborreceu na Portela e foi para Unidos da Tijuca. Ficou lá por pouco tempo, mas não aceitou escrever samba para disputar com a Portela. Logo voltou pra nossa escola - afirma o presidente de honra portelense, que convidou Waldir 59 a integrar a Velha Guarda Show em 2013, para, segundo ele, reparar uma injustiça histórica da escola.

O enterro de Waldir 59 foi às 10h da manhã desta quinta-feira, 26, no Cemitério de Inhaúma, Zona Norte do Rio.



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