04/10/2021
Pela primeira vez na história do Carnaval Carioca, a disputa do samba-enredo saiu das quadras e foi para a televisão. A TV Globo em parceria com a Liesa criou o programa “Seleção do Samba”, que tem como objetivo atingir um público maior de espectadores, já que ainda não é possível fazer uma final nos moldes tradicionais, por conta da covid-19. O presidente da Portela, Luis Carlos Magalhães, vê de forma positiva a alternativa encontrada para o concurso.
“A Liesa e a TV Globo precisam avançar mais para superarem esta primeira experiência e conseguir o modelo ideal que contemple a emoção da quadra e estender o momento mágico da disputa para todo o país. Sem a pandemia tudo será mais fácil.”
Por conta da pandemia, o concurso aconteceu em formato virtual, um grande desafio para as escolas do Grupo Especial, conforme aponta o vice-presidente da Portela, Fábio Pavão.
“Foi uma disputa diferente, por lives, sem público, o que permitiu um debate técnico mais aprofundado. Agradeço a todos os compositores que participaram deste processo marcado por incertezas, que se estendeu por praticantes um ano.”
No próximo carnaval a Portela será a segunda escola a desfilar na segunda-feira.
Confira a letra do samba da Portela para 2022:
Compositores: Wanderley Monteiro, Vinicius Ferreira, Rafael Gigante, Bira, Edmar Jr, Paulo Borges & André do posto 7
Prepara o terreiro, separa a mucua
Apaoká baixou no xirê
Em nosso celeiro a gente cultua
Do mesmo preceito e saber
Raiz imponente da “primeira semente”
Nós temos muito em comum
O elo sagrado de ayê e orun
Casa pra se respeitar: meu baobá!
Obatalá colofé
Tem batucada no arê
Pra minha gente de fé ayeraye
Nessa mironga tem mão de ofá
Põe aluá no coité e dandá
Saluba, mamãe! fiz do meu samba curimba
Mata a minha sede de axé
Faz do meu igi osè, moringa
Quem tenta acorrentar um sentimento
“esquece” que ser livre é fundamento
Matiz suburbano, herança de preto
Coragem no medo!
Meu povo é resistência
Feito um “nó na madeira” do cajado de oxalá
Força africana vem nos orgulhar
Azul e “banto”, aguerê e alujá
Pra poeira levantar, de crioula é meu tambor
Iluayê na ginga do meu lugar
Portela é baobá no gongá do meu amor