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2010
O conturbado pré-carnaval que a Portela viveu já dava sinais do que a escola viria a apresentar em seu desfile de 2010. A escolha da dupla de carnavalescos - Alex de Oliveira e Amauri Santos -, que nunca haviam feito qualquer escola do Grupo Especial até então, não foi bem recebida pelos torcedores, que punham em dúvida sua capacidade de apresentação de uma boa estética de desfile. A escolha do enredo e a divulgação da sinopse também tiveram repercussão negativa, devido à tentativa frustrada de inovar em tema pouco afeito à tradição da Portela. A ideia de abordar a tecnologia e seus impactos na medicina, na educação e nas telecomunicações, culminando no desenvolvimento social, gerou desconfianças quanto à difícil carnavalização do enredo. Por fim, atrasos nos trabalhos de barracão deixavam a nação portelense em permanente estado de apreensão e expectativa. De positivo, a manutenção de intérprete, mestre de bateria e equipe de harmonia e a contratação do excelente casal de mestre-sala e porta-bandeira, Rogério Dornelles e Lucinha Nobre, aliviavam os ânimos na esperança de um bom carnaval.
A Portela, terceira escola a desfilar na segunda-feira de carnaval, 7 de março, começou sua apresentação com a comissão de frente cujo coreógrafo - Henrique Talmah, assistente de Jorge Teixeira em 2007 e 2008 - foi contratado apenas no final de dezembro. Como seria de se esperar pelo pouco tempo de ensaio, o grupo de rapazes demonstrou uma certa insegurança, cometendo falhas de movimento e sincronia. O visual da comissão, composto ainda por um tripé de apoio, também não ajudou, com fantasias de gosto duvidoso. Após a comissão veio o casal de mestre-sala e porta-bandeira, Rogério e Lucinha, estreando na escola. Com um entrosamento perfeito e uma elegância digna dos melhores casais que já desfilaram pela Portela, a dupla fez uma apresentação majestosa, garantindo as notas máximas após o descarte.
As alas e alegorias que se seguiram alternavam alguns bons momentos de criatividade com outros maus resultados de execução e leitura do enredo. O abre-alas da escola trouxe uma águia cibernética que se transformava em backbone em plena avenida. O resultado da inovadora ideia, entretanto, não foi satisfatoriamente atingido, pois a mudança era lenta e, por isso, alguns setores do Sambódromo pouco viram a águia de fato. Acoplado a ela, ainda parte do abre-alas, um Rio de Janeiro estilizado vinha com a Velha-Guarda Show distribuída pelo carro, cujo impacto foi diminuído pela escolha do branco como cor predominante. Os demais carros alegóricos, que tinham como título "Conquistando liberdade", "Num clique deleta barreiras", "Upload na telecomunicação", "Do ventre mais um ser nascerá", "Mãos unidas pela inclusão" e "Rio de paz para viver", eram fortemente calcados em efeitos especiais de luz, cujo resultado não teve o impacto desejado. Além disso, houve uma clara dificuldade de identificação do enredo com o visual apresentado. No quesito "Fantasias" a Portela também esteve aquém de suas tradições. Com idealização de difícil leitura do enredo e uma execução que prejudicou a evolução dos componentes fizeram com que a escola perdesse 0,7 pontos após descarte.
Um dos maiores destaques do desfile da Portela foi a bateria comandada por mestre Nilo Sérgio. Vestidos com uma fantasia de nome curioso, "Bits e bytes", os ritmistas deram um show de cadência que teve como resultado a conquista do Estandarte de Ouro, prêmio que não vinha desde 1986 e que foi a justa coroação do excelente trabalho desenvolvido há 4 anos por mestre Nilo e seus diretores. Os jurados, no entanto, tiraram 5 décimos da escola neste quesito, alegando variação no andamento da bateria. Atrás dela, os passistas comandados por Nilce Fran e Valcir Pelé deram uma aula de gingado e samba no pé.
Outro ponto forte da escola em 2010 foi seu chão, o que, aliás, não chega a ser novidade. O competente trabalho da equipe de harmonia garantiu as notas máximas para a escola, que cantou com força e empolgação o samba composto por Ciraninho, Rafael dos Santos, Diogo Nogueira, Naldo e Júnior Escafura, e que foi muito bem levado e sustentado pelo intérprete Gilsinho. A evolução dos componentes também foi muito elogiada e só não conquistou as notas máximas no quesito, talvez, por um problema acontecido com uma destaque do abre-alas, Val Carvalho, que passou mal durante o desfile e teve de ser atendida, provocando a parada da escola por alguns bons minutos.
Ao final da apuração, a Portela obteve a 9ª colocação entre 12 escolas, com o total de 295,2 pontos, um resultado muito aquém do que espera e almeja o seu torcedor.
Fonte: Portela Web
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