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1988
No ano do Centenário da Abolição, a Portela escolheu para enredo um tema inspirado no livro "A fonte dos amores", de José Câmara Cascudo, que trata da paixão do Vice-Rei D. Luís de Vasconcelos de Sousa por uma jovem chamada Susana, moradora das proximidades do antigo Largo do Boqueirão, atual Passeio Público, e da construção da famosa fonte esculpida por Mestre Valentim. Geraldo Cavalcanti, em seu segundo e último ano na escola como carnavalesco, partiu dessa história de amor para enaltecer a região do Centro do Rio de Janeiro que compreende, além do Passeio Público, a Avenida Rio Branco, a Cinelândia e a Lapa.
Com 4.500 componentes e 43 alas, a Portela, oitava e última escola do desfile de domingo, entrou na avenida já com o dia claro. A águia branca com detalhes em espelhos, secundada por uma enorme bandeira da Portela, foi antecedida, mais uma vez, pela Comissão de Frente formada por 14 portelenses ilustres, como Argemiro, Ari do Cavaco, Carioca, Periquito, Monarco, Wilson Moreira, Casquinha, Manacéia, Alberto Lonato, Edir, Gaúcho e Casemiro, vestidos de Vice-Reis. A bateria, sob o comando de Mestre Timbó, em seu primeiro ano à frente da Tabajara do Samba, sustentou o belo samba de Neném, Mauro Silva, Isaac, Luizinho e Carlinhos Madureira, cantado por Dedé da Portela.
O desfile teve início com a apresentação das três etnias que formaram o povo brasileiro, com destaque para os negros, representados por alas coreografadas pelo famoso passista Jerônimo. O carro Fonte dos Amores, em que Vanda Batista era o destaque, mostrava o cais onde eram desembarcados os negros. Em seguida, a representação da mata e o portal do Passeio Público. Nesta parte, os destaques Martine, representando a Princesa Isabel e a assinatura da Lei Áurea, e o Sr. Cláudio Bernardo, então sócio número 2 da Portela, eram muito aplaudidos.
Com a abertura da Avenida Central (atual Rio Branco), a demolição do Convento da Ajuda, a construção da Avenida Beira-Mar e do Passeio Público, essa parte do Centro ganha ares franceses e a cidade, um palco para os foliões e para os boêmios. É tempo das tardes de carnaval com os corsos, das Grandes Sociedades e dos Ranchos. Mas também é tempo da Cinelândia (no terreno onde ficava o Convento), a Broadway brasileira, com seus cinemas, seus teatros, seus hotéis e dancings. E foi disso que tratou a 2ª parte do desfile.
Passaram pela avenida os museus, as gafieiras, a Lapa de todos os tempos e uma homenagem ao cinema nacional, com destaque para "O Cangaceiro". Conduzindo o pavilhão, os casais Tatu e Gizele e Ruço e Maria da Glória, e evoluindo com toda a garra portelense as damas, as baianinhas e as baianas tradicionais. Nos carros, os destaques Iolanda Amorim, Silvinho, Sílvio Fernandes e as atrizes Cláudia Raia e Vera Gimenez. Encerrando o desfile, a Grande Cinelândia e o Theatro Municipal e seus famosos bailes de carnaval e concursos de fantasias.
Inundando a avenida com as cores azul e branco e com a garra dos seus componentes, a Portela obteve a 5ª colocação.
Ficha técnica:
Resultado: 5ª Colocada do Grupo 1, com 211 pontos
Data, Local e Ordem de Desfile: 8ª Escola de 14/02/88, Domingo, Av. Marquês de Sapucaí (Passarela do Samba )
Carnavalesco: Geraldo Cavalcante
Presidente: Carlos Teixeira Martins
1º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Tatu e Gizele
2º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira : Ruço e Maria da Glória
Bateria: 300 Componentes sob o comando do mestre Timbó
Contigente: 4.500 componentes em 43 alasSamba enredo:
Compositores: Nenem, Mauro Silva, Isaac, Luizinho e Carlinhos MadureiraEstá fazendo um centenário
A Portela em louvação
Voa com a liberdade
A águia e o negro num só coração
Tece versos de amor
Que o Vice-Rei sonhou
Neste cenário de paixão... de paixão
A hora é esta
De irmanar a multidãoCanta, meu povo
Canta, meu povo
Vem no embalo
Que a lenda é carioca (canta, canta)
Canta, meu povo
Vem sambar de novoPeripécias do amor, ô ô
O Vice-Rei sofreu
Foi Vicente quem casou, ô ô
O sonho se acabou
Suzana, musa deste mar de lama
Simplesmente a tua chama
Queima o peito de quem ama
Valentim, foi ele sim
Sim, quem esculpiu
A fonte dos amores
Recanto tão sutilBriga, eu, eu quero briga
Hoje eu venho reclamar
(O que que tem, o que que há)
Esta praça ainda é minha
Eu também estou fominha
Jacaré quer me abraçar
Fonte: Portela Web
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