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1981
Portela 1981 : "Das Maravilhas do Mar Fez-se o Esplendor de Uma Noite"
"E lá vou eu
Pela imensidão do mar
Essa onda que borda a avenida de espuma
Me arrasta a sambar"
Os versos do antológico samba de David Corrêa - que pela terceira vez consecutiva vencia a disputa na Portela - e Jorge Macedo conquistara as rádios no período pré-carnavalesco, sucesso que se manteria por meses após a quarta-feira de cinzas. O público, à espera do início do espetáculo, entoava o magistral refrão desde as 15 horas.
Na busca pelo bicampeonato, a Portela, além do empolgante samba, tinha como trunfo o talento do carnavalesco Viriato Ferreira, que ano após ano se consolidava como um dos maiores artistas do carnaval carioca.
Surgido da imaginação do brilhante Viriato, o "cortejo irreal" portelense estava pronto para invadir a Marquês de Sapucaí. O azul do mar e o branco das espumas formavam um onda de felicidade que se espalhava por Oswaldo Cruz e Madureira. A confiança na vitória tomava conta de todos, e o mundo do samba consagrava a Portela como grande favorita à conquista. Depois de um ano injustiçada e de outro em que dividiu o título, finalmente a genialidade de Viriato, aliado ao talento de David Corrêa, tinha tudo para trazer para a escola o título absoluto e incontestável, o que não acontecia havia 11 anos.
A Águia da Portela entrou na avenida às 4 da manhã. O próprio David puxava o tão esperado samba. O público, cantando junto, vibrava ao som da bateria. Os primeiros minutos pareciam confirmar a expectativa de um grande desfile.
A comissão de frente, que ganharia o cobiçado Estandarte de Ouro, representava os príncipes submarinos, abrindo caminho para a passagem do mar azul e branco. Várias nuances de azul são apresentadas e detalhes mínimos diferenciam as fantasias. O acetato usado nos chapéus ajuda a dar a impressão de que a avenida se transformara numa grande onda.
Em contraponto ao azul e ao branco do mar, um setor dourado se destacava. Os detalhes em prata também davam uma tonalidade especial ao mar portelense. Clara Nunes e Elizeth Cardoso, figuras constantes nos desfiles da escola, acenam felizes para o público. As baianas, num magnífico figurino de Viriato, exibem-se de forma soberana. Golfinhos, moréias, polvos e cavalos-marinhos alegóricos compõem o oceano portelense. Seres marinhos de toda espécie desfilam no "cortejo irreal" idealizado pelo artista. Entretanto, a expectativa de sucesso atrapalha o desfile. Empolgado, o público invadiu a pista, fazendo com que a evolução da Portela na avenida se tornasse confusa e sinuosa. A harmonia também apresentou alguns problemas, e o efeito dos azuis de Viriato não foi exatamente o esperado.
Apesar dos problemas durante o desfile, os jornais destacavam a Portela como uma das possíveis vencedoras, ao lado da Beija-Flor e da Imperatriz, as mesmas três escolas que dividiram o título do ano anterior. Contudo, a Imperatriz Leopoldinense, com sua homenagem a Lamartine Babo, aparecia como a principal favorita.Abertos os envelopes no Pavilhão de São Cristovão, a comissão julgadora confirmou as expectativas e apontou as três escolas nas primeiras colocações:
1º Imperatriz Leopoldinense: 167 pontos
2º Beija-Flor: 161 pontos
3º Portela: 158 pontos
A última e a penúltima colocadas, respectivamente Império Serrano e Unidos de Vila Isabel, não foram rebaixadas.Ficha técnica:
Resultado: 3ª Colocada do Grupo 1A, com 158 pontos
Data, Local e Ordem de Desfile: 6ª Escola de 01/03/81, Domingo, Av. Marquês de Sapucaí
Carnavalesco: Viriato Ferreira
Presidente: Carlos Teixeira Martins
1º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira:
2º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira:
Bateria:
Contigente:Samba enredo:
autores: David Correa e Jorge Macedo
Deixa-me encantar
Com tudo teu e revelar lalaia lalaia
O que vai acontecer
Nesta noite de esplendor
O mar subiu na linha do horizonte
Desaguando como fonte
Ao vento a ilusão teceu
O mar (oi o mar)
Por onde andei mareou (mareou)
Rolou na dança das ondasFonte: Portela Web
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