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1977
Inspirado no livro "Memória para servir a história do Brasil", "Festa da Aclamação", mais um enredo criado pelo departamento cultural da Portela, desenvolvido por Hiram Araujo e Arnaldo Paderneiras, enfocava os fatos que envolveram a aclamação de D. João VI.
No barracão da Portela, que ficava na fábrica Silva Pedrosa, em Triagem, o desfile começava a tomar forma nas alegorias e fantasias, sob a responsabilidade de Rosa Magalhães e Lícia Lacerda, que precisavam contar um enredo que muitos consideram confuso e de difícil entendimento.
A grande novidade do desfile da Portela seria a volta de Vilma Nascimento, que, afastada desde 1968, voltava a se apresentar como primeira porta-bandeira da Portela, ao lado de seu antigo parceiro Benício.
Organizada por arquitetos franceses, a festa de aclamação de D. João VI misturou em sua decoração motivos asiáticos, ouro, prata, sereias, mitologia e muito mais, uma verdadeira volta ao mundo sem nenhuma lógica, e todo esse inusitado evento descrito no livro foi fielmente retratado pela Portela. A Águia, tradicional, destacava-se pela beleza, apesar da simplicidade. O carro de Netuno também chamava bastante atenção. Vilma e Benício deram o esperado show, e o desfile fluía de maneira perfeita.
A despeito das mudanças que traziam a "modernidade" para as escolas de samba, a Portela fez um desfile tradicional, mostrando que o carnaval antigo ainda poderia ser revivido com sucesso. Contudo, o público não entendeu muito bem a proposta tradicional da Portela exatamente nesse período de transformações que estavam tomando conta do espetáculo, e o belo desfile não empolgou a platéia.
Com exceção de Beki Klabin, que representava Carlota Joaquina, a Portela não trazia mais ninguém conhecido ou badalado entre seus 2000 figurantes. A bateria cumpriu seu papel de maneira perfeita, sendo responsável pelas posições conseguidas pela Portela no desempate final. Na voz de Silvinho, o samba de Dedé da Portela, Catoni, Jabolô e Waltenir funcionou muito bem para a escola, tendo contribuição fundamental no sucesso do desfile.
Por volta das 5 da manhã o desfile chegava ao fim, e logo uma polêmica seria criada: Antônio Pedro, jurado de comissão de frente, teria abandonado o posto e não julgado a Portela, sendo substituído por outra pessoa, prenúncio de tumulto no dia da apuração.
No Pavilhão de São Cristovão, muitos protestos de dirigentes de várias escolas. O público, inquieto, atirava garrafas na mesa apuradora, e alguns diretores mais exaltados deixaram o local sob voz de prisão. Algumas mudanças de última hora no júri eram o foco central dos protestos.
O resultado final apontou o bicampeonato da Beija-Flor e deixou a Portela com o vice-campeonato, um ponto atrás, e ganhando no desempate da União da Ilha, que havia conquistado a avenida com o enredo "Domingo", e do Salgueiro.
Ficha técnica:
Resultado: 2ª Colocada do Grupo 1, com 85 pontos
Data, Local e Ordem de Desfile: 7ª Escola de 20/02/77, Domingo, Av. Presidente Vargas
Carnavalesco(s): Hiran Araújo e Arnaldo Pederneiras (departamento cultural)
Presidente: Carlos Teixeira Martins
1º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Vilma Nascimento e Benício
2º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira:
Bateria:
Contigente: 2.000 componentesSamba enredo:
autores: Dedé da Portela, Catoni, Jabolô e WaltenirO dia raiou
À tarde a passarada anunciou
Que à noite era a festa
Ao som de clarins
A côrte se apresentou
Em vários dias de festa
A cidade se veste
Com seu traje mais novo
A praça em alegria se engalana
Para receber o nosso povo
Tribuna real, camarote e nobreza
Que maravilha de luz e de cor
O povo canta e o rei se encanta
Com a força do canto de amorViva o rei
Viva o rei Dom João
O rei mandou vadiar
Na Festa da Aclamação(Que beleza !)
Que beleza
Uma índia com o seu manto real
Que lindas alegorias
O Deus Netuno protegendo o pessoal
Vejam nessa passarela
A imagem daquela festa tão belaCarnaval
Festa do povo
Aclamação
É festa de novo
Fonte: Portela Web
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