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1974
Com a Avenida Presidente Vargas impossibilitada devido às obras para a construção do metrô carioca, o espetáculo das escolas de samba foi transferido para a Avenida Presidente Antônio Carlos, ficando as concentrações nas ruas Primeiro de Março e Erasmo Braga.
Atestando a popularidade que o samba estava alcançando no exterior, navios como o "Reino del Mar", de bandeira britânica, "El Franco", da extinta União Soviética, e "Ipirina", italiano, fizeram desembarcar na Praça Mauá 5.600 turistas que vieram especialmente para assistir ao espetáculo das escolas de samba. A atriz Liza Minelli também apareceu para prestigiar o evento.
A Portela preparou o enredo "O mundo melhor de Pixinguinha", numa homenagem póstuma a esse genial nome da nossa música popular. A escolha do samba de Evaldo Gouveia e Jair Amorim, em parceria com Velha, gerou algumas insatisfações dentro da ala de compositores, resultando no afastamento de Zé Kétti e de outros sambistas.
Apesar dos protestos, o samba que foi apresentado descrevia de maneira bastante poética a vida de mestre Pinxinguinha, funcionando muito bem quando a escola entrou na Avenida Presidente Antônio Carlos.
E "Lá vem Portela, com Pixinguinha em seu altar". Lá vêm quatro mil componentes homenageando "Pinzindin", o "menino bom". A Portela foi a terceira escola a se apresentar, para delírio de sua enorme torcida.
Lá vem a Águia, gigantesca, com olhos de farol de carro, acesos, brilhando na avenida. A segunda alegoria representava a infância de Pixinguinha, cuja vocação para a música já podia ser notada.
O samba dizia: "A roseira dá rosa em botão. Pixinguinha dá rosa em canção. E a canção bonita é como a flor, que tem perfume e cor". O terceiro carro trazia uma bela flor dourada, que se abria e fazia surgir o busto do homenageado. Ao lado da alegoria que representava os "oito batutas" no "Cabaret Sherazade", foi a alegoria que mais empatia conseguiu junto ao público.
A ala das baianas também deu um show à parte, conseguindo mais um Estandarte de Ouro para a escola, mesmo prêmio conseguido pelo mestre-sala Bagdá.
No final da merecida homenagem, a certeza de que tudo tinha sido feito como deveria, com exceção da bateria, que apresentara novamente pequenos problemas, como no ano anterior. O samba, as belas alegorias e a harmonia de um desfile correto apontavam a Portela, após as 16 horas que durou a maratona de desfile, como uma das grandes favoritas à conquista do campeonato.
O resultado final apontou o vice-campeonato para a Portela, ficando atrás da Acadêmicos do Salgueiro, cujo estreante carnavalesco Joãzinho Trinta mudara completamente a estética dos desfiles, modificando os rumos que o carnaval tomaria a partir daquele ano.
Ficha técnica:
Resultado: 2ª Colocada do Grupo 1, com 93 pontos
Data, Local e Ordem de Desfile: 3ª Escola de 24/02/74, Domingo, Av. Presidente Antônio Carlos
Carnavalesco(s): Hiran Araújo e Claudio Pinheiro
Presidente: Carlos Teixeira Martins
1º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Irene e Bagdá
2º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira:
Bateria: 200 Componentes sob o comando de Mestre Cinco
Contigente: 4.000 componentesSamba enredo:
autores: Jair Amorim, Evaldo Gouveia e VelhaLá vem Portela
Com Pixinguinha em seu altar
E altar de escola é o samba
Que a gente faz
E na rua vem cantar
Portela
Teu carinhoso tema é oração
Pra falar de quem ficou
Como devoção
Em nosso coraçãoPizindin! Pizindin! Pizindin!
Era assim que a vovó
Pixinguinha chamava
Menino bom na sua língua natal
Menino bom que se tornou imortal
A roseira dá
Rosa em botão
Pixinguinha dá
Rosa, canção
E a canção bonita é como a flor
Que tem perfume e cor
E ele
Que era um poema de ternura e paz
Fez um buquê que
não se esquece mais
De rosas musicais
Lá vem Portela...
Fonte: Portela Web
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