-
-
1967
"Tal dia é o batizado" entrou para a história como a senha usada pelos inconfidentes mineiros para iniciar a revolta. Foi esse também o título do enredo desenvolvido por Nelson Andrade e Juvenal Portela, que pretendiam mostrar na avenida um pouco dessa parte importante da História brasileira.A chuva castigava a cidade no dia 5 de fevereiro de 1967, o grande dia de desfiles das escolas de samba. Talvez por isso, a Imperatriz Leopoldinense, primeira escola a desfilar, só entraria na avenida às 22h15min, mais de duas horas após o horário previsto pela organização.Quinta escola a desfilar, a Portela pisou a avenida às 3:30 da manhã. Uma jarra com um enorme buquê de flores era o início de um espetáculo luxuoso, que contava com a participação de três mil componentes.Sob o comando do diretor de harmonia Jaburu, as diversas alas portelenses brincavam na pista, cantando a plenos pulmões o samba de Jabolô, Catoni e Valtenir. Tudo animado pela bateria de Mestre André, diretor que se consagrou criando paradinhas para a Mocidade Independente de Padre Miguel.Destacava-se no conjunto a alegoria que representava o local onde Tiradentes foi julgado pelos portugueses. Diversas telas mostravam, também, a imagem do alferes Joaquim José da Silva Xavier em uniforme de gala, o mártir esquartejado, a réplica da bandeira da Misericórdia, que acompanhou o cortejo, e outras imagens que representavam o tema.Enquanto Wilma rodopiava, Maria Lata D'água arrancava aplausos das arquibancadas. Durante as duas horas de desfile, que só terminou às 5:30 da manhã, as personalidades portelenses desfilaram alegria. O público se despedia da escola sob gritos de "já ganhou", fato destacado pelos jornais do dia seguinte.A apuração, ocorrida no quartel da Polícia Militar, na Rua Evaristo da Veiga, apontou a Portela na sexta colocação, obtendo apenas 83 pontos. Nelson Andrade, que mostrou conhecimento das notas antes mesmo da abertura dos envelopes, protestara antes e depois do resultado oficial, apesar de aceitá-lo.Muitas críticas foram destinadas à comissão julgadora, que foi formada pelos seguintes nomes:Ricardo Cravo Albim (bateria)Chico Buarque de Holanda (enredo e letra)Johnny Franklin (mestre-sala e porta-bandeira)Ana Martins (fantasias e comissão de frente)Ítalo de Oliveira (alegorias)Aloísio Magalhães e Danúbio Menezes Galvão (desfile)Diva Pieranti (harmonia e melodia)O fato mais comentado foi Chico Buarque, segundo algumas testemunhas, ter dormido durante parte do desfile.A Mangueira acabou vencedora do concurso, seguida por Império Serrano, Salgueiro, Vila Isabel, Unidos de Lucas e Portela.Ficha técnica:Resultado: 6ª Colocada do Grupo 1, com 83 pontosData, Local e Ordem de Desfile: 05/02/67, Domingo, CandeláriaCarnavalesco(s): Nelson de Andrade, Juvenal Portela e LaurênioPresidente: Caetano PilotoDiretor de Harmonia: Jaburu1º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Vilma e BenícioBateria: Mestre AndréContigente: 3.000 componentesSamba enredo:autores: Jabolô, Catoni e WaltenirTiradentes,Valoroso mártir inconfidenteQue o Brasil possuiuEm Vila RicaCidade de Minas GeraisQue há muitos anos atrásFoi o palco de um capítulo a maisDa nossa históriaA senha dos revoltadosEra: TAL DIA É O BATIZADOPara que o Brasil fosse libertadoPelos conspiradoresQue eram bravos inconfidentesintelectuais, vigários e coronéisLiderados pelo alferes TiradentesAquela épocaVisconde de BarbacenaExecutor da derramaFoi móvel essencialPara este episódio nacionalQue incentivou indiretamenteTornar o Brasil independenteMais tarde, foram traídosPor JOAQUIM SILVÉRIO DOS REISO delatorSó ameaçado o vigário ConfessouÔ......ô......E aqui no Rio de JaneiroTIRADENTES tornou-se prisioneiroSendo sacrificado a 21 de abrilabrindo o caminhoda INDEPENDÊNCIA DO BRASIL
-