-
-
1965
No primeiro carnaval após o Golpe Militar de 1964, a Portela vivia a expectativa de ser bicampeã, após o belo carnaval do ano anterior.
Como novidade, todas as escolas abordaram o Rio de Janeiro, que completava 400 anos de fundação, e a cidade foi toda decorada com temas referentes às obras de Debret e Rugendas. E foi nesse ano que foi criado o Desfile das Escolas Campeãs, tradição incorporada ao calendário carnavalesco e turístico da cidade, e aconteceu o I Simpósio Nacional do Samba.A Portela, mais uma vez, criou uma tradição dos desfiles das escolas de samba. Após a passagem dos Acadêmicos do Salgueiro, que teve como enredo “História do Carnaval Carioca”, a pista estava coberta por confetes e serpentinas. Natal, então, determinou que a Portela não desfilasse com o chão naquelas condições e mandou que se fizesse a limpeza. Estava criada a varredura da avenida sempre após a passagem de cada agremiação.Uma vez mais, o palco das principais escolas do Rio de Janeiro foi a Avenida Presidente Vargas, na Candelária.A Comissão Julgadora do desfile era integrada por Geraldo Figueiredo, Milton Moraes, Vera Lúcia Dontel, Marília Batista, Therese Quie, Nalmi Flores, Enid Sauer, Quirino Campofiorito e Maurício Shermann.Com o enredo “História e tradições do Rio Quatrocentão”, de autoria do presidente Nelson de Andrade, que também foi o diretor de carnaval, a Portela levou para a avenida mais um belo samba de Candeia e Waldir 59. O pavilhão estava sob a guarda, novamente, do mestre-sala Benício e da porta-bandeira Wilma.O roteiro do desfile foi o seguinte:Abre-alas – o marco da fundação e os brasões da cidadeAlegoria 2 – as literas celebras do BrasilAlegoria 3 – gabinete de trabalho da Princesa Isabel, no momento da assinatura da Lei ÁureaAlegorias de mão – 15 cestas de frutas, 30 salvas de prata, 15 corbeilles, 6 candelabros, 4 potes (aquadeiros) e 10 brasões com indicadoresDesfilaram como Solistas ou Destaques de Chão: Silvana, Abílio Martins, João da Gente, Avelino, Casquinha e Jorge José.Aparecida Albuquerque e Ubiratan foram responsáveis pelos figurinos, cabendo a Evandro de Castro Lima a criação dos figurinos e a execução da roupa de dona Odila, a Princesa Isabel.Mesmo com a direção de harmonia firme de Ventura, a Tabajara sob o comando de Oscar Bigode, a empolgação dos componentes em conquistarem mais um bicampeonato para Oswaldo Cruz e Madureira, o luxo e o requinte, a Campeoníssima obteve apenas o 3º. Lugar.Bibliografia:CANDEIA, Antonio, ARAUJO, Isnard. Escola de Samba: árvore que esqueceu a raiz. Rio de Janeiro: Lidador/SEEC, 1978. 91 p.CABRAL, Sérgio. As escolas de samba do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Lumiar Editora, 1986.MOURA, Roberto M. Carnaval – da Redentora à Praça do Apocalipse. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora, 1986.Ficha técnica:Resultado: 3ª Colocada do Grupo 1 com 122 pontosData, Local e Ordem de Desfile: 7ª Escola de 28/02/65, Domingo, CandeláriaAutor(es) do Enredo: Nelson de AndradeCarnavalesco(s): Nelson de AndradePresidente: Nelson AndradeDiretor de Carnaval: Nelson AndradeDiretor de Harmonia: Ventura1º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Vilma e Benício2º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira:Bateria: Mestre Oscar Pereira de SousaContigente:Samba enredo:Compositores: Waldir 59 e CandeiaRio és marco de glóriaÉs um berço na história do paísTens um povo alegre, hospitaleiro e tão felizE com desvelo e orgulho que iremos exaltarTeu fundador, o bravo Estácio de SáQue transformou seus sonhos em realidadeExpulsando os invasoresDecidiu a sorte da cidadePorém pagou com a própria vidaO preço do amor à liberdadeE após um século decorridoO povo conquistou retumbante vitóriaJerônimo Barbalho, o herói destemidoCom refulgênciaNos legou os ideais da independênciaRio de Janeiro de São SebastiãoCidade estado em expansão secularSalve! O Conde de Bobadela /Benfeitor da cidade / bisQue é a mais linda aquarela /Rio antigo das batucadasDos rituais, capoeiras e congadasOh! Meu Rio colonialDo Mestre Valentim, artista genial!Não devemos esquecer o mártir inconfidenteO heróico TiradentesSalve! A princesa redentora IsabelQue aboliu a escravatura tão cruelEste fato que tanto nos comoveApós a vinda de D.João VI, no século XIXProsseguindo esta feliz apologiaLembramos o último baile da monarquiaHoje, no século XX, do caldeamento de raçasSurgiu com requinte e graçaNo mundo aristocrataConsagrada beleza exuberante da mulataRio, teu panorama é um lindo relicário /Todo o Brasil se engalana / bisCom a passagem do teu IV Centenário /Ô, ô, ô, ôRuas do Rio, sempre cheias de esplendorÔ, ô, ô, ô – hoje cantamos em teu louvorLara, lara, lara... /Lara, lara, lara... / bis
-