-
-
1959
"Portela, absoluta, é tricampeã!". Foi com esta manchete que os cariocas amanheceram na sexta-feira, 13 de fevereiro, cinco dias após os desfiles do Grupo 1. A Portela conquistava seu 14º título, fechando a década de 50 com cinco campeonatos.O enredo "Brasil, Pantheon de Glórias" havia somado 102,5 pontos, à frente do GRES Acadêmicos do Salgueiro, com 101 pontos, e do GRES Império Serrano, com 96,5 pontos. Foram 18 agremiações no total. Candeia, Waldir 59, Casquinha, Bubu e Picolino fizeram o samba-enredo.O desfile aconteceu no dia 8 de fevereiro na Avenida Rio Branco e estava marcado para começar às 19h30. Mas a primeira escola só despontou na avenida por volta das 23h00. Foi o último ano em que as agremiações, obedecendo ao regulamento, desfilaram com cordas. O Salgueiro abriu o espetáculo, tomando o lugar do GRES Unidos de Bangu e do GRES Aprendizes de Lucas (atual GRES Unidos de Lucas), que se reusavam a entrar na pista ("Salgueiro, a academia do samba", Haroldo Costa, Editora Record, 1984). Logo em seguida vieram o GRES Unidos da Tijuca e o GRES Estação Primeira de Mangueira.Quando o título parecia estar definido entre Salgueiro e Mangueira, surge a Portela rica e exuberante, abrindo a manhã de segunda-feira. Foram gastos Cr$ 30 milhões com 3 alegorias e 1.800 componentes. Para se ter uma idéia desse valor, o salário de um jornalista na época era de cerca de Cr$ 7,9 mil ("As Escolas de Samba, o quê, quem, como, quando e por quê", Sérgio Cabral, Editora Fontana, 1974). Oswaldo Cruz era um luxo só.Arrasta-povoA bateria de mestre Betinho trajava um terno especialmente feito para o desfile com motivos portelenses. O casal de mestre-sala e porta-bandeira, Vilma e Benício, firmavam-se como as estrelas do quesito. Segundo Candeia e Isnard ("Escola de samba, a árvore que esqueceu a raiz", Editora Lidador/SEEC- RJ, 1978), a primeira alegoria da escola era um carrossel gigante representando o Movimento da República. A segunda alegoria trazia Santos Dumont e a Torre Eiffel, e a terceira, o índio Poti. O português e especialista em espetáculos Chianca de Garcia deu assessoria à escola na parte estética.A Portela era conhecida na época como "arrasta-povo" . "Era a escola de maior torcida e de maior prestígio. Praticamente todo mundo era Portela", reconhece o salgueirense Haroldo Costa em seu livro - citado acima - contando a história do Salgueiro.Cercada de "adjetivos", não foi díficil aos membros da Comissão Julgadora - Fernando Pamplona, quesito Escultura e Riqueza; Lúcio Rangel, quesito Bateria; Edson Carneiro, quesito Enredo; Belá Paes Leme, quesito Fantasias; e Brasil Easton, quesito Mestre-sala e Porta-bandeira - darem o tricampeonato à escola.Mas o tetracampeonato ainda estaria por vir... e graças à corajosa intervenção de Natal.Ficha técnica:Resultado: Campeã do Grupo 1 com 102,5 pontosData, Local e Ordem de Desfile: 08/02/59, Domingo, Av. Rio BrancoCarnavalesco(s): Djalma VoguePresidente:1º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Vilma e Benício2º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira:Bateria: Mestre Adalberto Ferreira - BetinhoSamba-enredo:Compositores: Candeia, Waldir 59, Casquinha, Bubu e PicolinoBrasil, pantheon de glóriasSalve os heróis da nossa históriaHá muitos anos atrásFelipe Camarão e outros vultos maisExpulsaram os invasoresDo território nacionalSalve Caxias imortal guerreiroPatrono do brioso Exército BrasileiroSantos DumontPioneiro da aviaçãoRui BarbosaImortalizou a naçãoCom sua rara inteligênciaNaquela nobre conferênciaSalve a FEB imponente virilNós saudamos as glórias do Brasil
-