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1958
Apesar do cansaço que já se abatia sobre seus componentes, a Portela entrou na Avenida Rio Branco já pela manhã para conquistar o título do carnaval de 1958. Com o enredo “Vultos e Efemérides do Brasil”, a escola de Oswaldo Cruz e Madureira repetiu o feito do ano anterior, sagrando-se a bicampeã do carnaval daquele ano.O desfile da Portela começou já com o dia claro, mas seus integrantes, que esperaram mais de 9 horas para desfilar, não desanimaram. Quando soou o apito para a escola se formar, muitos estavam dormindo, porém não se furtaram à responsabilidade de repetir o feito do ano anterior, visto que carregavam sobre os ombros o título conquistado em 57. A agremiação azul e branco exibiu ótimas alegorias e 11 fantasias de destaque, sendo que somente a de uma das damas ficou em Cr$ 26.000,00. Dentro do cordão, 900 sambistas apresentavam com garra e animação o enredo que versou em quatro carros o samba de Simeão e Jorge Porqueiro.O destaque da escola, no entanto, ficou por conta da bateria. Mestre Betinho, o homem que conquistou o título de 57 com uma fantasia de lonita e movimentos de ordem unida executados no apito, voltou esse ano com redobrado entusiasmo. A bateria da Portela, com 156 integrantes, trazia algumas mulheres instrumentistas. A fantasia da bateria foi desenhada com exclusividade, em cetim e fustão confeccionados em São Paulo, e sua feitura foi realizada em segredo. Os homens usavam palheta com fita de tecido especial, costume completo azul e branco, elegantemente ramalhado, e sapato do mesmo pano.Após o desfile, a comissão julgadora, composta pela escritora Eneida, Mário Barata, artista plástico, Mozart Araújo, músico, Elba Nogueira, coreógrafa, e Maria Louise, figurinista, declarou a Portela campeã do carnaval.Os quesitos e seus respectivos julgadores foram os seguintes:- Mozart Araújo: Bateria (0 a 10 pontos); Harmonia (0 a 10) e Melodia do samba (0 a 5);- Mário Barata: Escultura e alegoria (0 a 10) e Iluminação (0 a 10);- Eneida: Enredo (0 a 10) e Letra do samba (0 a 5);- Maria Louise: Fantasia (0 a 10) e Bandeira (0 a 10);- Elba Nogueira: Conjunto, evolução e riqueza (0 a 10); Coreografia de porta-bandeira e mestre-sala (0 a 10) e Comissão de Frente (0 a 10).A apuração das grandes escolas ocorreu com toda calma e cordialidade, abraçando-se, ao final, vencidos e vencedores. A Portela alcançou, pela segunda vez consecutiva, o título com 106,5 pontos, apenas cinco décimos além do total conseguido pelo Império Serrano. A Estação Primeira de Mangueira foi a 3ª na classificação geral com 102,5 pontos, seguida, pela ordem, por Acadêmicos do Salgueiro, com 99 pontos; Unidos da Capela, com 89; União de Jacarepaguá, com 87,5; União do Centenário, com 86; Tupi de Braz de Pina, com 85; Unidos de Lucas, com 81; Beija-Flor, com 80,5; Unidos da Tijuca e Unidos de Bangu, com 80; Cartolinhas de Caxias, com 70; Unidos do Cabuçu, com 68; Caprichosos de Pilares, com 67; Unidos de Bento Ribeiro, com 66,5; Flor do Lins, com 65,5; e Filhos do Deserto, com 62 pontos. As três últimas foram rebaixadas.Além do resultado oficial, Portela e Império Serrano dividiram 4 troféus entre si, ficando a bicampeã com 2 – de melhor porta-estandarte e melhor diretor de bateria – e Império com outros 2 – mestre-sala e samba.Após a divulgação do resultado, aos gritos de “Portela! Portela!”, os vencedores foram para a rua, misturando sorrisos e lágrimas de felicidade, trocando abraços em plena Rua México, em frente ao Departamento de Turismo. Depois, em passeata em que não faltaram foguetes, os portelenses seguiram em direção a Madureira para festejar a vitória.Ficha técnica:Resultado: Campeã do Grupo 1, com 106,5 pontosData, Local e Ordem de Desfile: 16/02/58, Domingo, Av. Rio BrancoCarnavalesco(s): Djalma VoguePresidente:1º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Vilma e BenícioBateria:Contigente:Samba-enredo:Compositor: Simeão e Jorge PorqueiroEm vinte e dois de abril de mil e quinhentosNosso gigante vi cairPor diante com amor edificouEssa grande pátria varonilE Portugal ao mundo revelouBrasil, ô meu BrasilTiradentes, o mártir inconfidenteO pioneiro do Brasil independenteDa Inconfidência MineiraPela página brasileiraDo exemplo de amor á liberdadeJosé Bonifácio mentor de inteligênciaInfluenciou Pedro IA dar o grito da independênciaA Princesa Isabel foi o anjo da AboliçãoDeodoro, Rui Barbosa e Quintino BocaiúvaOs baluartes da Proclamação
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