-
-
1956
O ano de 1956 encerrou a série de cinco anos em que os desfiles ocorreram sobre o tablado da Avenida Presidente Vargas. Além do barulho, a concentração de muitos espectadores em volta do local provocava tumultos constantes.O desfile aconteceu no domingo, 12 de fevereiro, com 19 escolas disputando o título do Grupo 1. Por volta da meia-noite começaram os distúrbios envolvendo a Polícia Municipal e os fotógrafos que tentavam registrar o desfile. A violência policial foi tanta que o espetáculo chegou a ser interrompido cinco vezes. Em represália, os fotógrafos resolveram parar de trabalhar. Por isso, existem poucas fotos mostrando o desfile daquele ano.No dia seguinte, os jornais e revistas da época amanheceram com as cenas da pancadaria estampadas em suas páginas. O Cruzeiro (1956) publicou várias fotos com detalhes dos espancamentos assistidos por cerca de 120 mil pessoas.Fim da era Lino ManuelMas a truculência da polícia não impediu as escolas de desfilarem. A Portela se apresentou pela 13ª vez com um enredo elaborado por Lino Manuel, sendo Viegas e Nilo os responsáveis pelo barracão. Segundo Candeia e Isnard, no livro "Escola de samba, a árvore que esqueceu a raiz" (Editora Lidador/SEEC- RJ, 1978), "Riquezas do Brasil" mostrava as riquezas naturais do país: laranjas, bananas, minerais e uma alegoria representando a lavoura. Candeia e Waldir 59 foram os autores do samba-enredo."Riquezas do Brasil" também havia sido o título do enredo de 1950, quando a escola ficou em segundo lugar. Daí o fato de a historiografia e as pesquisas sobre a escola apontarem ainda outros dois nomes para o enredo de 1956: "Tesouros do Brasil" e "Gigante pela própria Natureza".A Comissão Julgadora, composta pelo jornalista Canuto Silva, pelos escultores Francisco Galotti e Elba Nogueira, pelo músico Bené Alexandre e pela bordadeira Gabriela Leite de Brito, deu a vitória ao enredo "O Caçador de Esmeraldas", apresentado pelo GRES Império Serrano (102 pontos). A Portela ficou com o vice-campeonato, somando 96 pontos, à frente do GRES Estação Primeira de Mangueira (93 pontos).Casemiro Calça Larga, dirigente do GRES Acadêmicos do Salgueiro, denunciou uma proposta de suborno durante a apuração. O fato, segundo Sérgio Cabral expôs no livro "As Escolas de Samba do Rio de Janeiro" (Lumiar Editora, 1996), tumultou bastante a apuração dirigida pelo Departamento de Turismo, mas nada ficou provado.No ano seguinte, o desfile mudaria de local e, sem o tablado, a Portela preparava uma nova forma de desfilar. Terminaria a era Lino Manuel, e Djalma Vogue surgiria comandando a elaboração dos enredos nos próximos anos. A partir de 1957, a escola conquistaria uma série de vitórias que culminariam com um tetracampeonato para Oswaldo Cruz. A Portela fecharia a década de 50 com chave de ouro.Ficha técnica:Resultado: 2ª Colocada do Grupo 1 com 96 pontosData, Local e Ordem de Desfile: 17ª Escola de 12/02/56, Domingo, Av. Presidente VargasCarnavalesco: Lino Manuel dos ReisPresidente:1º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Dodô e Manoel Bam-Bam-Bam2º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira:Bateria: 100 Componentes sob o comando de Mestre Adalberto Ferreira - BetinhoSamba-enredo:Compositores: Candeia e Waldir 59Brasil tu és uma dádiva divinaCacau, cana-de-açúcar e algodãoBorracha, mate e caféProdutos desta imensa naçãoTendes o campo tão fértil em matéria-primaE as tuas riquezas invejam o mundoJazidas tais e tamanhasEm teu solo tão fecundoHá nas tuas entranhasOuro e manganêsE outros mineriasÉs belo, forte e varonilBrasil, Brasil, BrasilTuas gloriosas Forças ArmadasCom desvelo zelam pelo teu tesouroEm tua história consagradaEscreveram páginas de ouroGuias defensores de amanhãFuturos doutorandos do BrasilEstejam sempre alertasTragam na lembrançaO conselho do poetaCriança não verás país nenhum como esteImitam na grandezaA terra em que nasceste
-