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1953
Mal acabou a polêmica anulação do resultado de 1952, os sambistas começaram a fazer planos para o carnaval seguinte. Após três anos com estas escolas filiadas a entidades diferentes, o grande confronto entre Portela, Mangueira e Império Serrano tinha ido por água abaixo. Agora, o tão esperado encontro parecia inevitável.Para o sambista, a espera pelo carnaval seguinte nunca fora tão angustiante. Durante todo o ano, as provocações mútuas entre portelenses e imperianos ganharam as ruas de Madureira. Finalmente, seria possível ver na avenida quem estava com a razão, quem seria a melhor escola da cidade.O tablado do ano anterior foi novamente montado, mas com uma pequena cobertura que protegia a comissão julgadora em caso de chuva. Medida providencial, pois mais uma vez o domingo de carnaval aconteceria debaixo d'água.Com uma vontade de vencer que impressionava, a Portela fazia seu aquecimento cantando um samba de quadra que fazia referência ao polêmico carnaval do ano anterior:Não foi PortelaQue anulouNão foi MangueiraTambém não foi, não senhorEssa escolaPra vocês é um mistérioNão digo o nomeDeixo isso a seu critérioMais uma chance eu vou lhe darEssa escola fica perto de MadureiraSaiu representando em 52Ana Néri, a corajosa enfermeiraA rima em "ério", maliciosamente colocada no samba, deixava claro, independentemente da letra, a quem os portelenses estavam se referindo.Tudo pronto, a Portela começaria seu desfile. Apresentaria o enredo "As seis datas magnas", idealizado pelo artista Lino, que exaltava seis importantes datas da História do Brasil.Iluminadas por modestas baterias de automóveis, seis telas seriam responsáveis pela leitura do enredo, cada uma exaltando uma data histórica:1ª - Tiradentes (21 de abril)2ª - Batalha do Tuiuti (24 de maio)3ª - Batalha do Riachuelo (11 de julho)4ª - Grito do Ipiranga (7 de setembro)5ª - Proclamação da República (15 de Novembro)6ª - Dia da Bandeira (19 de novembro)A Portela entra batendo seus pés firmes no tablado, fazendo o barulho da madeira se misturar ao som do canto das pastoras. O samba, de autoria do jovem Candeia, de apenas 17 anos, e Altair Prego, foi abraçado pelos portelenses e empolgou o público que assistia ao maior desfile de todos os tempos.Dodô rodopiava empolgada, mestre Betinho segurava a batida de sua bateria, a magia dos grandes carnavais estava presente.Em frente ao palanque da comissão julgadora, a Portela fez o hasteamento da bandeira nacional. Um momento que emocionou a todos que o presenciaram. A Portela literalmente levantara a avenida.Ovacionada pelo público, a Portela deixou o tablado com a certeza do dever cumprido. O maior desfile de todos os tempos, até aquele momento, mobilizava as expectativas de imperianos, mangueirenses e portelenses, ansiosos pela divulgação do resultado oficial. Todos, contudo, não negavam o favoritismo da azul-e-branco, que fez um desfile reconhecidamente magistral.Quando os envelopes foram abertos, a Portela sagrava-se vencedora do grande confronto, obtendo nota máxima em todos os quesitos. Era a primeira vez na história que tal feito acontecia. A comissão julgadora reconheceu o desfile perfeito e irrepreensível da Portela, e as ruas de Madureira, finalmente, puderam ser coloridas pelo azul e pelo branco.Era o 11ª título da Portela. Para muitos, o maior desfile da história da Portela e do carnaval carioca.Ficha técnica:Resultado: Campeã do Grupo 1, com 400 pontosData, Local e Ordem de Desfile: 15/02/53, Domingo, Av. Presidente VargasCarnavalesco: Lino Manuel dos ReisPresidente: Armando Passos e/ou Lino Manuel dos Reis1º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Dodô e Manoel Bam-Bam-BamBateria: Mestre BetinhoSamba enredo:autores: Altair Prego e CandeiaFoi Tiradentes o Inconfidentee foi condenado à mortetrinta anos depois o Brasil tornou-se independenteera o ideal de formar um país livre e forteIndependência ou morteD. Pedro proferiumais uma nação livre era o Brasil.Foi em 1865 que a história nos trazRiachuelo e Tuiuti foram duas grandes vitórias reaisforam os marechais Deodoro e Floriano e outros vultos maisque proclamaram a República e tantos anos após foram criadosHinos da Pátria amadanossa bandeira foi aclamadapelo mundo todo foi desfraldada.
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