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1948
Para o carnaval de 1948, o artista Lino Manuel dos Reis preparou o enredo "Exaltação à redentora", ou, simplesmente, "Homenagem à Princesa Isabel". Contaria, dessa forma, a vida e os feitos da regente que assinou a Lei Áurea e libertou definitivamente os escravos do Brasil.Heptacampeã, a escola de Oswaldo Cruz se preparava para manter sua hegemonia no carnaval carioca. Entre as agremiações inscritas para o desfile, estava a estreante Império Serrano, do Morro da Serrinha, dissidência da tradicional Prazer da Serrinha, que também participaria do concurso.Cercada de grande expectativa, a Portela entra na avenida cantando um samba composto por Manacéa, que pela primeira vez tinha uma obra sua cantada pela escola. Lino, ajudado por Euzébio e Nilton, explorou os elementos tradicionalmente relacionados ao universo da escravidão.O ambiente de uma fazenda escravista era apresentado, unidades de produção monoculturistas que foram as principais responsáveis pelo desenvolvimento da nação, tendo como força-motriz o sangue e o suor dos negros. A casa-grande e a senzala, com suas relações de complementariedade tão exploradas pelos estudos acadêmicos das décadas de 30 e 40, eram apresentadas em uma visão popular, de fácil entendimento.À medida que o desfile avançava, a exaltação à redentora ganhava empatia junto ao público. No fim, mais uma vez ovacionada, a Portela estava credenciada a lutar pelo título, que seria o seu octacampeonato. A tradicional Mangueira, que também deixou a avenida bastante aplaudida, era sua principal adversária, e considerada a única capaz de impedir a façanha portelense.Contudo, quando terminou a apuração, ocorrida na sede do Instituto de Resseguros do Brasil, no Castelo, o resultado apontou a surpreendente vitória da estreante Império Serrano, ficando a Unidos da Tijuca em segundo, a Portela em terceiro e a Mangueira em quarto.Um grande polêmica acabava de ser criada. Algumas pessoas afirmam que o resultado verdadeiro indicava a vitória da Mangueira e o vice-campeonato da Portela, mas teria sido alterado por uma manobra de Irênio Delgado, dirigente da jovem escola da Serrinha e que participava da organização do evento. Depois de divulgado ao vivo por Heron Domingues, apresentador do Repórter Esso, que abriu uma edição especial, não havia como voltar atrás, o Império era realmente campeão.Inconformados com a possível manobra, que nunca foi confirmada ou totalmente desmentida, Natal e os dirigentes da Mangueira romperam com a Federação das Escolas de Samba, acusando a mesma de estar sob o controle de Delgado. A polêmica desse carnaval, infelizmente, não terminou na quarta-feira de cinzas, estendendo-se e deixando seqüelas nos anos seguintes.O resultado do carnaval de 1948 resultou em coisas até então impensadas. Fazendo surgir uma rivalidade entre as vizinhas Portela e Império Serrano, acabou criando uma antes inimaginável aproximação entre a Portela e a Mangueira, duas tradicionais adversárias que há 15 anos lutavam pela hegemonia no samba carioca.Ficha técnica:Resultado: 3ª Colocada do Grupo 1, com 126 pontosData, Local e Ordem de Desfile: 08/02/48, Domingo, Praça XICarnavalesco: Lino Manuel dos ReisPresidente: Antenor dos Santos1º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Dodô e Manoel Bam-Bam-BamBateria: Mestre BetinhoSamba enredo:Autor: ManacéaFoi a Princesa IsabelQue nos deu a liberdadeLibertando aqueles que sofriamFoi para ela uma glóriaDeixar o nome na históriaDo Brasil...Somente ela quem viaComo o preto sofria, noite e diaHoje no mundo,Preto tem o seu valor profundo
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