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1946
Mal terminou a guerra e os sambistas começaram a fazer planos para o carnaval de 1946. Seria um espetáculo grandioso. As escolas que preferiram se afastar durante o período do conflito voltariam em grande estilo. Animada, a União Geral das Escolas de Samba decidiu que todas as agremiações teriam que trazer enredos alusivos à vitória aliada.O desfile, marcado para a Avenida Presidente Vargas, em frente à escola Rivadávia Correia, traria uma novidade importante, que era a proibição do improviso e a obrigatoriedade da segunda parte, determinando os rumos que o samba seguiria nos carnavais seguintes.Outro ponto de destaque no regulamento era a proibição de carros mecânicos ou puxados por animais, com a intenção de traçar uma clara diferença entre as escolas de samba dos ranchos e grandes sociedades. Entretanto, admitia os trabalhos de pasta e caramanchões, ratificando, também, a exigência da ala das baianas e a proibição de instrumentos de sopro.Coube ao artista Lino Manuel dos Reis idealizar o enredo da Portela. "Alvorada do novo mundo" seria o fechamento da série de enredos patrióticos que a escola apresentou nos últimos anos, orientada pela UNE e pela LDN. E a Portela pisou forte na avenida . A equipe de barracão, liderada por Lino, criou alegorias que fizeram enorme sucesso, como as que representavam a "volta das forças armadas" e os "acordos ministeriais".Um panteão alegórico representava as "nações unidas" vitoriosas, trazendo a figura de Hitler esmagado e Mussolini enforcado. As criações fortes idealizadas por Lino representavam o sentimento que regia o imaginário popular naquele período.Hitler ajoelhadoAo som de mais um samba de Ventura, que atendia perfeitamente às novas exigências do regulamento, o povo via a representação dos adversários da democracia sendo humilhados e aplaudia. No final, uma alegoria mostrava o Tio Sam em pé, vitorioso, e Hitler ajoelhado. A empatia com o público foi imediata.A comissão julgadora, formada por Manoel Piló, Cristóvão Freire, Armando Santos e Nourival Dalier Pereira, avaliou quesitos novos como indumentária, comissão de frente, mestre-sala e porta-bandeira e iluminação dos préstitos, além dos já existentes samba, harmonia, bateria, bandeira e enredo.Após sete horas de desfile, como o público já esperava, a Portela sagrou-se novamente campeã, totalizando 80,6 pontos. Era o hexacampeonato da escola, e a já rotineira festa voltaria a tomar as ruas de Oswaldo Cruz.A Portela conquistava, assim, seu oitavo campeonato.Ficha técnica:Resultado: Campeã do Grupo 1, com 80,6 pontosData, Local e Ordem de Desfile, 03/03/46, Domingo, Av. Presidente VargasAutor(es) do Enredo: Lino Manuel dos Reis; Liga de Defesa NacionalCarnavalesco: Lino Manuel dos ReisPresidente: Benício Alberto dos Santos1º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Dodô e Manoel Bam-Bam-BamBateria: Mestre BetinhoSamba enredo:Autor: VenturaO carnaval da vitóriaÉ o que a Portela revelaLiberdade, progresso, justiçaQue realiza o valor de um povo heróiJamais poderei esquecerEssa data sagradaQue o mundo inteiro sempre lembraráEsse carnaval, cheio de encantos milLá, lá, lá, lá, lá...Canta, canta meu Brasil
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